Há os espaços dos outros. Os lugares deles.
Há os espaços, os lugares de outros que desejamos, aos quais nos apegamos, sobre os quais expectamos.
É de uma felicidade incompleta, aquele espaço vivo que não se interliga com os outros espaços. Sós, somos alguém, mas com outros somos sempre muito mais.
Há espaços em que desejamos ficar. Porque nos permitem dar tudo o que temos. Porque nos permitem receber tudo o que nos têm para dar. E é esta troca a seiva de uma vida.
Tenho coração nos olhos, nos ouvidos, nos dedos, na boca, nos poros, no sangue. Infiltra-se na minha razão... Não o quero só no meu espaço. As paredes não aguentam o tumulto.
Dar, dar, dar... E é um dar cansado, magoado, receoso, ainda que sempre esperançado.
Há espaços que não nos deixam entrar e o vazio contamina.
Um vazio onde o desânimo e a descrença se instalam.
É quando a boca sabe a fado... e apetece fechar o casulo, indefinidamente...
Já estou louca de estar só
Acompanhada do nada
Já estou cheia de ser rua
Tão corrida tão pisada
Já estou prenha de amizades
Tão barriga de saudades
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O amor de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe, mais além
Mas a saber que sou mulher
Na cidade sou loucura
Sou begónia, sou ciúme
E eu que sonhava ser lume
Caminho, atalho, lonjura
Não tenho assento na festa
Sou a migalha que resta
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O amor de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe, mais além
Mas a saber que sou Mulher
O amor de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe, mais além
Mas a saber que sou Mulher