Talvez a nossa maior obra seja resolvermo-nos a nós próprios.
Pessoa que não se questiona sobre si mesma não me inspira muita simpatia nem confiança.
Não somos perfeitos, e admitir isso não quer dizer que arranjemos uma desculpa para as nossas imperfeições. É um motivo, sim, para avaliarmos a nossa pegada e consequentemente o nosso rasto.
Há algum tempo que sou/estou (n)uma encruzilhada e ando às aranhas para lhe encontrar uma saída.
Estou a pedir ajuda ao tempo, mas sinto que não é essa a solução. Porque o perco e já não tenho idade para ser perdulária.
Cheguei à conclusão que não posso esperar encontrar a solução para tudo. Mais, que as soluções não são definitivas. A médio e longo prazos provavelmente terão de ser revistas. Porque se envelhece e novos horizontes se abrem, novas portas de sabedoria deslumbram-se. Porque novas circunstâncias provarão que a vida é uma constante mutação.
Hoje, mais do que nunca, aceito as contradições. Não estou a dizer que as entendo ou que as acarinhe. Só passei a aceitar a sua existência mais pacificamente, sem julgar tão veemente. Lições de vida.
Hoje entendo melhor que uma pessoa possa perceber algo, mas senti-lo e vivê-lo diferentemente.
Hoje consigo perceber que a razão e a emoção, partilhando a mesma crença, não permitam à pessoa reagir da mesma maneira. Repito, entendo, não quer dizer que não o repudie.
Assim, talvez dê algum espaço à compreensão quando por ex. um filho entenda o porquê da separação dos pais, mas os queira ver juntos mesmo que infelizes; um filho entenda que os pais tenham direito a recomeçar vida após o divórcio, mas não aceitem os novos companheiros; um ex-conjugue tenha querido o divórcio, mas não queira que o seu ex se apaixone de novo; um colega reconheça o excelente trabalho de outro, mas não consiga evitar a inveja; uma pessoa não sofra o que é suposto ser "normal" pela morte de um pai, não sentir propriamente saudades, mas que por encontrar alguém com parecenças, se desmanche em lágrimas; uma pessoa se apaixona por alguém, entenda que a outra pessoa não tem a obrigação de retribuir, mas se sinta profundamente magoada pela falta de estima; uma pessoa infiel não aceite a infidelidade de quem ama; entre tantos outros exemplos que me escapam.
Ressalvo todas as vezes que for preciso: entendo a contradição, não quer dizer que a aceite feliz e de bom grado.
Encontrei este texto abaixo que me aliviou no sentido de me permitir a identificação.
"Não sou a única". Como se em alguns casos saiba bem alguma generalização para não nos sentirmos tão desenquadrados.
http://lounge.obviousmag.org/coffee_is_my_boyfriend/2015/05/o-peso-de-amar-um-coracao-que-ja-ama.html
É muito difícil aceitar que não somos amados no mesmo grau que amamos ou que nem sequer o somos.
É muito difícil aceitar que quem gostamos ame outra pessoa e que não o esconda, numa insensibilidade compreensível qb de quem não tem olhos para mais ninguém nem queira saber do sofrimento que causa, a não ser o seu.
É muito difícil aceitar que a nossa presença é apenas bem-vinda quando conveniente.
É muito difícil aceitar que a nossa ausência não cause saudades.
É muito difícil aceitar que a vontade que tens para contribuir para um sorriso e quiçá a felicidade do outro, não inspire a mesma vontade.
É muito difícil aceitar que facilmente és substituível.
E com todas estas razões evidentes, vistas, minimamente explicadas, estupidamente o sentimento não te liberta. Ele vê, mas recusa-se a aceitar. E pede ajuda ao tempo.
Tempo que, tal como a contradição, acaba por desejar incoerente. Porque o deseja célere na resolução, mas lento no passar dos dias.
sábado, 27 de fevereiro de 2016
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Lugar
Há uns dias li algo que me parou. E como tudo o que me faz parar, fiquei a pensar no que tinha lido.
Ao interiorizá-lo senti uma tristeza imensa. Porque eu já tinha sentido aquilo, e em poucas palavras tudo se resumiu de uma maneira tristemente bela.
"Na alma ninguém manda...
Ela simplesmente fica onde se encanta..."
Sil Guidorizzi
Ela simplesmente fica onde se encanta..."
Sil Guidorizzi
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Teixeira de Andrade
heart emoticon
heart emoticon
Não adianta o esforço em agradar a alguém se a esse alguém o teu esforço pouco significar.
A importância que se dá ao gesto, atitude, carinho, o que seja, poderá nunca ser apreciado como o desejas. Se tem de ser na mesma proporção? Não. Mas tem de ter alguma. Se não a há, um vazio e um desalento crescente surgem porque sentes que o que fazes que importante é para ti pouco significa para outros. E aí vês o teu lugar.
Se é o curso da vida? Sim. Se também o fazemos a outros que significam pouco para nós? Sim. Se as pessoas têm o direito de escolher com querem estar, agradar, cativar, confidenciar? Absolutamente.
Mas não deixa de ser profundamente triste o curso da vida. O que as pessoas fazem para cativar, agradar porque desejam significar e depois o que deixam de fazer porque deixou de interessar.
E neste intervalo há todo um mundo de intenções, atitudes, gestos, palavras, expectativas que caracterizam um relacionamento. E está no avaliar disto tudo a opção de o manter ou não. De desistir ou não. Para quê impor a nossa presença por muito que a queiramos manter? Para quê a insistência num gesto se não há um retorno mínimo expectável que se cumpra? Para quê insistir num contacto que a outra pessoa não mostra cuidado em preservar? Se a nossa ausência e/ou presença pouco marca a vida de outro?
Talvez corajosos sejam aqueles que partem por tristemente se aperceberem que nada acrescentam, por muito que desejem ficar.
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