sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Paralelismos insanos...


... ainda assim instantâneos…

 

Ao retirar as coisas do carro, depois de o estacionar, vejo um gatito amarelo e branco em frente que me mia.

Já o conheço daquela zona e pensei na brincadeira “Está a dar um olá”.

Continua a miar e vejo-me a perguntar-lhe “Então? O que queres?” e ele atravessa a rua.

Penso “olha, até já ganhou confiança e vem ter comigo.”

Ao fechar o carro, olho para trás e vejo dois gatos que vão ao encontro do amarelito.

“Ah, já percebi”, com decepção.

 The story of my life…

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Vergonha

Por estes dias - tempos -, tenho sido assaltada regularmente pela vergonha.
Considerando-me neste momento completamente espoliada.
Há ladrões temíveis a soldo da vergonha como a integridade, o perfeccionismo, a coerência de ser, a auto-crítica, a ilusão, a preguiça, o orgulho ....
E em momentos de ir apanhando os bocados para reconstruir o reparável, para além das nossas ainda existentes valências, há coisas que nos vêm parar às mãos como livros, filmes, frases, exemplos de vida, de sobrevivência, de luta, ou um vídeo como o abaixo (Listening to shame), que nos ajudam nessa tarefa.

Deixo para o fim os que mais nos valem: a família e os amigos, que muitas vezes nos acolhem nas maiores parvoíces ou sofrimentos sem perguntarem nada e deixando-nos estar ali, entre braços, a chorar copiosamente de vergonha.


Vulnerability is not weakness. 
Vulnerability is an emotional risk.     


Vulnerability is our most accurate measurement of courage.





terça-feira, 11 de agosto de 2015

All sad people like poetry

E POR VEZES
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão Ferreira