sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Lugar

Há uns dias li algo que me parou. E como tudo o que me faz parar, fiquei a pensar no que tinha lido.
Ao interiorizá-lo senti uma tristeza imensa. Porque eu já tinha sentido aquilo, e em poucas palavras tudo se resumiu de uma maneira tristemente bela.

"Na alma ninguém manda...
Ela simplesmente fica onde se encanta..."

Sil Guidorizzi


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Teixeira de Andrade
heart emoticon

Não adianta o esforço em agradar a alguém se a esse alguém o teu esforço pouco significar.
A importância que se dá ao gesto, atitude, carinho, o que seja, poderá nunca ser apreciado como o desejas. Se tem de ser na mesma proporção? Não. Mas tem de ter alguma. Se não a há, um vazio e um desalento crescente surgem porque sentes que o que fazes que importante é para ti pouco significa para outros. E aí vês o teu lugar.
Se é o curso da vida? Sim. Se também o fazemos a outros que significam pouco para nós? Sim. Se as pessoas têm o direito de escolher com querem estar, agradar, cativar, confidenciar? Absolutamente.
Mas não deixa de ser profundamente triste o curso da vida. O que as pessoas fazem para cativar, agradar porque desejam significar e depois o que deixam de fazer porque deixou de interessar.
E neste intervalo há todo um mundo de intenções, atitudes, gestos, palavras, expectativas que caracterizam um relacionamento. E está no avaliar disto tudo a opção de o manter ou não. De desistir ou não. Para quê impor a nossa presença por muito que a queiramos manter? Para quê a insistência num gesto se não há um retorno mínimo expectável que se cumpra? Para quê insistir num contacto que a outra pessoa não mostra cuidado em preservar? Se a nossa ausência e/ou presença pouco marca a vida de outro? 
Talvez corajosos sejam aqueles que partem por tristemente se aperceberem que nada acrescentam, por muito que desejem ficar.










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