quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

"Não sei porquê"

A verdade evidente é que é um dia a seguir ao outro.
Não deixa, no entanto, de haver um sentir diferente que o distingue dos demais dias, ainda que parecido com tantos outros anteriores 1 de Janeiro no desejo, na esperança de um ano melhor para mim, para os que me rodeiam e para todos cujas vidas não se cruzam com a minha mas com quem empatizo.
Também se assemelha no esmorecimento que se segue, no comprovar esperado de que as coisas melhoram nas datas que elas bem entendem e não num desejo a 31 de Dezembro a virar para 01 de Janeiro.

E assim se repete, ano após ano, uma esperança única, resiliente que desejamos nunca se desvaneça (para nosso próprio bem), mas fátua.
Tanta esperança em algo melhor no último dia de 2013 e a verdade é que saí desanimada de 2014. Não foi um ano fácil.
Um ano de mudanças. As que não queria concretizaram-se. As que queria não se concretizaram.
Mas um ano de desafios... Quase todos superados.
Um ano em que outros acreditaram em mim e me abriram portas.
Um ano em que aproveitei essas portas abertas para explorar capacidades adormecidas, sonhos antigos, lutando para não me vergar ao receio, à timidez, à vergonha, à minha feroz auto-crítica.
Um ano de amizades reforçadas. Sou tão rica nesse campo...
Um ano em que amigas tão queridas partiram em busca de oportunidades profissionais e ainda que longe estão perto.
Um ano de aprofundamento de outras amizades que estão por perto. Confidências gratas.
Um ano de novos desafios profissionais. O aceitar novos rumos impostos e mais uma vez provar-me que consigo a superação.
Um ano de encerrar do pano de sentimentos para abrir caminho para outros. O que não deixa de provocar alguma nostalgia. Querer acreditar que não foi perda de tempo, que foi um ganhar de algo que ainda não atingi, mas que acabou e ainda bem.
Mais um ano que comprova a minha teoria cada vez mais credível de que há coisas que nunca chegarão a este campo fértil em tanto, mas que não consegue produzir frutos.

Mas depois existem os "não sei porquê"...
Crianças que gostam de mim e não sabem porquê, amigas que vêem coisas e se lembram de mim não sabendo porquê, músicas que me enviam e não sabem bem explicar porquê, empatias que surgem e não sei porquê...

E é com esta certeza que inicio o meu 2015: que para além do óbvio "porque", são também os "não sei porquê" que vamos deixando como rasto noutras pessoas a nossa pegada no mundo e a nossa riqueza intrínseca que tantas vezes desvalorizamos ou não temos noção dela.



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