sábado, 16 de novembro de 2013

Pedacinhos de literatura - "As velas ardem até ao fim", Sándor Márai

"A bailarina levava um chapéu de Florença de abas largas, meias-luvas brancas de croché, calçadas até aos cotovelos, um vestido de seda, cor-de-rosa, apertado na cintura, e sapatos de seda pretos. Apesar da sua falta de gosto, estava perfeita. Andava com passos incertos entre a folhagem, no caminho de cascalho, como se todos os passos terrestres que a conduziam aos objectos reais da vida, como por exemplo a um restaurante, fossem indignos dos seus pés. Tal como não é apropriado arranhar canções ligeiras nas cordas dum violino Stradivarius, assim guardava ela os pés, essas obras-primas, cujo único objectivo e significado só podia ser a dança, a dissolução das leis da gravidade, o rompimento das limitações deploráveis do corpo."

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